[Dica de leitura] Inferno no Ártico

Inferno no Ártico

Cláudia Lemes

Sinopse:

Assassinatos bizarros abalam a cidade de Barrow, Alasca, durante o período de dois meses de noite polar. A detetive brasileira Barbara Castelo desconfia que seu primeiro caso de homicídio tem ligações com o ocultismo, e precisa superar suas diferenças com o parceiro, Bruce Darnell, além de sua fobia do escuro, para encontrar o serial killer antes que ele consiga completar sua missão macabra”

Minha opinião

Inferno no Ártico, da autora brasileira Cláudia Lemes, é um thriller psicológico sombrio, claustrofóbico e de tirar o fôlego. É daqueles livros em que você pisca e já está em 70% da leitura, totalmente envolvida, sem nem perceber.

Ambientado na cidade de Barrow, no Alasca, durante os 65 dias da temida noite polar, o livro usa o cenário de escuridão contínua para espelhar as sombras mais profundas da alma humana. É nesse ambiente hostil, isolado e silencioso que a autora constrói uma narrativa recheada de traumas, segredos, medos e obsessões, onde cada personagem carrega uma bagagem densa e perturbadora.

A escrita é extremamente fluida, daquelas que desliza e prende sem esforço, mas o conteúdo é intenso. Muito intenso. Lemes nos apresenta um serial killer com motivações satânicas, mergulhado em uma obsessão macabra, e nos arrasta por uma trama cheia de crimes, rituais, abusos, misoginia, xenofobia e violências difíceis de digerir. Um verdadeiro mergulho no abismo do psicológico humano, com reviravoltas impactantes e surpresas que fazem a gente perder o ar.

É impossível não sentir medo, ansiedade, raiva (muita raiva!), e uma angústia crescente à medida que a história avança. O livro é pesado, não alivia nos gatilhos, e isso a autora já deixa claro logo nas primeiras páginas, o que é digno de nota: é a primeira vez que vi um livro abrir com um aviso tão responsável e direto sobre o conteúdo. Um cuidado muito bem-vindo.

Inferno no Ártico é para quem tem estômago e interesse em thrillers psicológicos com camadas densas e personagens bem construídos. Um livro que nos faz roer todas as unhas, sentir repulsa, medo e indignação, enquanto seguimos presos, sem conseguir largar.

Intenso, sombrio e brilhantemente construído. Uma leitura que deixa marcas.