[ Dica leitura] Voltar para mim
- Cristina Oliveira
- há 6 dias
- 2 min de leitura
Voltar para mim, de Laura G. Miranda

Minha leitura de Voltar para mim foi atravessada por um momento muito doloroso: no meio do livro, perdi meu pai, vítima de um AVC. Essa experiência fez com que, por um tempo, eu não conseguisse me concentrar na narrativa. No entanto, foi justamente através das reflexões presentes no livro, sobre a vida, as prioridades e a busca da felicidade, que consegui voltar à leitura. De certa forma, a obra me ofereceu acolhimento em meio ao luto.
O livro é denso em reflexões, mas, paradoxalmente, a leitura flui com naturalidade. A história parte da separação de um casal e se abre em várias direções: a mãe que decide viajar em busca de si mesma, o pai que permanece, os três filhos que enfrentam seus próprios dilemas e ainda dois amigos do casal que também seguem suas trajetórias. Assim, acompanhamos sete histórias entrelaçadas, cada qual com problemas, buscas e desafios.
Gina, a mãe, parte em sua jornada, mesmo deixando para trás dúvidas, julgamentos e incertezas. Através dela, a autora nos leva a refletir: quantas vezes abrimos mão de nossos sonhos para viver de acordo com expectativas alheias? Até que ponto vale a pena abrir mão de nós mesmos em nome do amor ou dos padrões impostos pela sociedade?
O que mais me marcou foi a pluralidade de perspectivas. Ao dar voz a diferentes personagens, a narrativa nos lembra que, muitas vezes, estamos presos em nossa própria bolha e esquecemos que cada pessoa carrega dores, cicatrizes e lutas invisíveis. A vida é uma caixinha de surpresas, e cada história traz uma nova dimensão dessa verdade.
Outro ponto poderoso é a mensagem de que a idade nunca deve ser um obstáculo para sonhar. A obra mostra que sempre é tempo de lutar pelo que acreditamos e de buscar aquilo que nos dá sentido.
A autora costura tudo isso com uma escrita sensível e inspiradora, capaz de nos fazer questionar, mas também acolher. E talvez seja isso que torna o livro tão especial: ele não fala apenas de personagens fictícios, mas também de nós mesmos, dos nossos caminhos interrompidos e recomeços possíveis.
Deixo um trecho que resume bem o espírito da obra:
"Não é onde, é com quem. Não é quando, é como. Não é no momento planejado, mas no momento certo. Nem antes nem depois. Não é do modo que imaginamos, mas sempre é da melhor maneira possível."
Um romance tocante, reflexivo e profundamente humano.
Leitura coletiva @curtaleitura
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