[Dica de leitura] A menina e a pipa
- Cristina Oliveira
-2.jpg/v1/fill/w_320,h_320/file.jpg)
- 15 de mai.
- 2 min de leitura
A menina e a pipa
Laetitia Colombani
Editora: Intrínseca

Abalada por uma tragédia, Léna se autoexila no limite do Golfo de Bengala, no oceano Índico, movida pela esperança de se recuperar naquele lugar cujo caos das ruas e a calmaria do mar abafariam o eco de suas dores. Assombrada pelos fantasmas do passado, que a visitam toda noite, Léna encontra alento no ritual de tomar banho de mar pelas manhãs, quando só os pescadores estão de pé. De vez em quando, vê uma pipa no céu, tão pequena quanto a criança que a solta ao longe.
Certo dia, por um descuido proposital ou mero infortúnio, a correnteza a puxa para o fundo e ela acaba se afogando. Mas, como numa cena orquestrada pelo destino, quem salva sua vida é a criança que costuma ver na praia. A menina pede ajuda à jovem chefe da Brigada Vermelha - um grupo de mulheres que praticam autodefesa e treinavam ali perto no momento , que, junto da tropa, consegue socorrer Léna milagrosamente a tempo.
A princípio, Léna não sabe como agradecer, mas, ao conhecê-las, tem uma ideia: usar a experiência de seus vinte anos como professora para ensinar a mulher e a criança que, curiosamente, vive em um silêncio absoluto a ler e escrever. O que não planejou nem pôde prever é que, com o tempo, vai criar raízes cada vez mais fortes no lugar. Contra todas as probabilidades, em um vilarejo marcado pela miséria e pelas injustiças de anos de tradições profundamente arraigadas, Léna se vê ancorada pelo segredo por trás do silêncio daquela menina, pela determinação explosiva da chefe do grupo de autodefesa feminino e pela própria convicção de que a educação é a única ferramenta capaz de libertar mulheres e crianças do destino atrelado a elas desde o nascimento.
Minha opinião
Mais uma vez, Laetitia Colombani me tocou profundamente com sua escrita poderosa e sensível. A Menina e a Pipa é daqueles livros que nos abraçam e nos sacodem ao mesmo tempo.
Com o pano de fundo da cultura indiana — marcada por abusos, desigualdades e tradições opressoras —, a autora constrói uma narrativa dura, mas permeada por esperança. O enredo é sobre "três lutadoras, três sobreviventes, três guerreiras" (p.186)
A escrita é delicada, mesmo ao tratar de temas tão pesados. A cada página, sentimos a dor da realidade retratada, mas também a força de quem ousa resistir. O livro nos revolta, emociona e, acima de tudo, inspira. A educação surge como um fio de luz num cenário sombrio, mostrando que a transformação é possível, mesmo nas condições mais adversas.
É impossível terminar essa leitura sem sentir o impacto.
É uma história que marca, que incomoda — no melhor sentido — e que permanece conosco. Inesquecível!!!
"educar uma mulher, é educar uma nação inteira, como afirma um provérbio africano"
(p. 155)



![[Chame por Andrea]](https://static.wixstatic.com/media/34596e_2388460341dc429c9a922a91ab305939~mv2.jpeg/v1/fill/w_980,h_1307,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/34596e_2388460341dc429c9a922a91ab305939~mv2.jpeg)
![[Dica de leitura] Como as estrelas do céu](https://static.wixstatic.com/media/34596e_534820d0bf1441e8b4266c40caf13430~mv2.jpeg/v1/fill/w_980,h_1307,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/34596e_534820d0bf1441e8b4266c40caf13430~mv2.jpeg)
![[Dica de leitura ] Alma Armênica](https://static.wixstatic.com/media/34596e_28b09f6aaf0a4f6bafd774a5561d2399~mv2.jpeg/v1/fill/w_980,h_1307,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/34596e_28b09f6aaf0a4f6bafd774a5561d2399~mv2.jpeg)
Comentários