[Dica de leitura] A porta
- Cristina Oliveira
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- 17 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jul.
A porta
Magda Szabó

Sinopse
Uma escritora culta, com uma relação nebulosa com as autoridades comunistas na Hungria moderna do pós-Segunda Guerra Mundial, contrata Emerenc - camponesa, analfabeta, impassível, bruta e de idade indefinida - como sua governanta. Emerenc mora sozinha em uma casa onde ninguém pode passar da porta de entrada, nem mesmo seus parentes mais próximos. Ela assume o controle do lar da patroa, tornando-se indispensável, experimentando um tipo de amor - pelo menos até o tão desejado sucesso da escritora trazer à tona uma revelação devastadora.
A força sobre-humana de Emerenc, sua disposição para ajudar os outros e fragmentos de sua biografia dolorosa constroem o mosaico do que parece uma existência transpassada por segredos. Na relação de dependência desenvolvida entre as protagonistas se encerram dúvidas e mistérios sobre a personalidade daquela que personifica um país que já não existe mais.
A cada nova informação sobre a excêntrica governanta, emerge o cenário de uma Hungria ocupada e dividida, e até a relação de Emerenc com seus pertences é questionada. Teria roubado dos judeus ou ganhado os bens de uma família judia que ela havia ajudado a fugir? Quem é essa mulher e por que ela está fechada a qualquer intimidade com seus patrões? Todas as possibilidades são plausíveis até que as portas, metafóricas e literais, sejam, por fim, abertas.
Minha opinião
Minha primeira incursão pela literatura húngara veio através de A Porta, de Magda Szabó — no clube do livro @curtaleitura!
Este é um daqueles livros que permanecem ecoando por muito tempo depois da última página, angustiante, impactante e absolutamente inquietante.
A história gira em torno da estranha, tensa e profundamente humana relação entre duas mulheres separadas por classe, educação e temperamento: uma escritora culta e introspectiva, e Emerenc, sua governanta — rude, misteriosa, orgulhosa, quase impenetrável. Um vínculo incômodo, dual, e até violento em sua intensidade emocional.
Emerenc é o grande enigma da trama. Ela comanda tudo ao seu redor com força, precisão e regras próprias, mas mantém sua porta fechada. Essa porta se torna o centro simbólico do romance: o que escondemos, o que protegemos, o que tememos revelar. O mistério que pulsa atrás dessa porta move a narrativa com maestria, sem pressa, mas com uma tensão emocional crescente.
A Porta fala sobre poder, cuidado, afeto, memória — e principalmente sobre as barreiras que construímos para proteger aquilo que temos de mais íntimo. É um retrato intenso das contradições da alma, do amor que fere e cura, do egoísmo disfarçado de zelo e da solidão mascarada por orgulho.
Vale mencionar que este é um livro que pode trazer gatilhos emocionais, sua carga afetiva é profunda, às vezes sufocante. Mas, para quem estiver aberto a mergulhar nessa complexidade, a recompensa é imensa.
A Porta perturba, emociona e transforma. Maravilhosamente inquietante, vale demais a leitura!



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