[Dica de leitura] O peso do pássaro morto
- Cristina Oliveira
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- 28 de jul.
- 2 min de leitura
O peso do pássaro morto
Aline Bei

Sinopse:
A protagonista deste livro não tem nome. Aos oito anos, ela tem um corpo que brinca, sonha e ama. Tem pais que se preocupam com ela. Tem uma melhor amiga com quem se diverte durante os intervalos da escola. Tem como vizinhos uma senhora querida que cozinha o melhor pudim do mundo e um enigmático benzedeiro de óculos escuros que cura tudo em um passe de mágica. Tem, sobretudo, um futuro repleto de possibilidades pela frente.
Porém, uma série de acontecimentos lhe ensina muito cedo sua falta de controle diante da imprevisibilidade da morte. Brutais e implacáveis, essas perdas logo passam a fazer parte de quem ela é. Anos mais tarde, com as cicatrizes dos traumas de infância inscritas no corpo, a protagonista é vítima de uma violência que mais uma vez a mudará para sempre. Em meio a muitas dores, mas também a pequenos momentos de delicadeza, essa mulher amadurece tentando entender seu lugar em um mundo -- que parece relembrá-la, em igual medida, de sua fragilidade e de sua força.
Minha opinião
É daqueles livros que a gente lê de uma só vez, não por ser leve, mas por ser impossível largar. A narrativa é um híbrido entre prosa e poesia que transforma cada página em um espaço emocionalmente carregado, em que até o branco tem significado. É como se o silêncio entre as palavras também gritasse.
A protagonista sem nome nos conduz por décadas de sua vida, desde a infância até a maturidade, e o que encontramos em cada fase é dor, uma dor que se molda com o tempo, mas nunca some. A solidão está presente nos vazios, nos abandonos, nas perdas e nos silêncios que a vida impõe.
A leitura é dilacerante. Cada trecho carrega a densidade de um luto, de um trauma, de uma ausência. São muitos os gatilhos, abuso, estupr0, morte, abandono, mas o que mais marca é a sensação de que a protagonista vai se perdendo de si mesma aos poucos, desumanizada pelas demandas da vida, pela falta de acolhimento, pela repetição de violências que deveriam ser impensáveis.
Apesar de sua brevidade, a obra reverbera por muito tempo após o ponto final. É como se o livro continuasse dentro de nós, ecoando a pergunta: quanta solidão pode habitar um ser humano?
A autora transforma dor em prosa, sem suavizar as feridas, comovendo e incomodando. Um livro impactante, necessário, que nos obriga a sentir, seja raiva, tristeza, compaixão, e nos lembra da importância de enxergar o outro com mais empatia.
“entendendo que o tempo
sempre leva
as nossas coisas preferidas no mundo
e nos esquece aqui
olhando pra vida
sem elas"



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