[Dica de leitura]Se deus me chamar não vou
- Cristina Oliveira
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- 23 de jul.
- 2 min de leitura
Se deus me chamar não vou
Mariana Salomão Carrara

Sinopse
Quem vai te contar essa história é uma criança de 11 anos. O olhar fresco e bem-humorado de quem ainda vê a vida como mistério está aqui, mas vá por mim: não subestime a solidão de Maria Carmem.
A aprendiz de escritora, enfrentando as angústias da “pior idade do universo”, irá te provar que é possível, sim, que uma menina seja mais solitária do que um velho. Ao menos uma menina que, como ela, cresce e cria suas perguntas entre os objetos de uma “loja de velhos”. Ali elas já nascem antigas, frescas e pesadas, doce feito da mais dura poesia. Maria Carmem nasceu no fim. Sendo assim, do que interessa a idade? Como ela mesma diz, “é possível que um lápis pareça estar novo, mas todo quebrado por dentro”.
É assim, toda quebrada por dentro, que ela desconstrói o mundo diante de si, o mundo adulto que cria regras e não as obedece, o mundo escolar, tudo: “na aula de matemática o problema dizia que um menino e uma menina precisavam calcular quantas laranjas levar ao parque se os convidados meninos comiam tantas e as meninas só mais tantas cada uma.
E eu escrevi que não era pra levar nenhuma, que tudo é mentira, ninguém vai junto a parque nenhum nessa vida”. É também assim que ela junta e faz pergunta e faz poesia com tudo o que se ergue e desmorona, os pais, deus, o amor, o corpo, a morte, o difícil que é entender o amor dos outros.
Quando crescer, Maria Carmem vai ser escritora. Mas Maria Carmem já cresceu e já é. Esse livro é uma generosidade de sua poesia. Uma oportunidade de a gente crescer com ela.
Minha opinião
Um livro com uma densidade emocional que transborda em cada página. Se Deus me chamar não vou é narrado por Maria Carmem, uma menina de 11 anos que nos leva, como num diário, pelos detalhes do seu cotidiano, aparentemente simples, mas profundamente dolorido.
Com uma escrita delicada, a autora consegue tocar em temas pesados como bullying, gordofobia, negligência familiar, homofobia e até a morte na terceira idade. Tudo isso pelo olhar inocente e ao mesmo tempo afiado de uma criança que sente demais. É uma leitura que surpreende pela forma como se aprofunda no psicológico da protagonista, uma imersão tão tocante que chega a doer.
O que mais impressiona é como, em tão poucas páginas, a autora constrói uma narrativa intensa, crua e sensível. O rumo que a história deixa o leitor com o coração apertado e cheio de reflexões sobre infância, abandono, empatia e os silêncios que habitam as relações familiares.
Uma obra que parece pequena, mas é imensa. Daquelas que a gente termina e fica em silêncio. Porque, às vezes, as palavras doem.
"É possível que um lápis pareça estar novo, mas todo quebrado por dentro."



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