[Dica de leitura] Tempo de reacender estrelas

Tempo de reacender estrelas

Virginie Grimaldi @virginiegrimaldi

Editora: Gutenberg @editoragutenberg

Sinopse:

Anna está separada do marido e as dívidas não param de aumentar. Ela se desdobra para manter o trabalho como garçonete em um restaurante e sustentar as filhas, Chloé e Lily, com quem encontra apenas no café da manhã.

Chloé uma adolescente cheia de sonhos prestes a desistir deles. É por meio de seu blog que vamos conhecendo melhor seus planos e desilusões. Lily, 12 anos, está com problemas na escola e o único a saber disso é Marcel, seu diário, e seu ratinho, batizado com o mesmo nome do pai, Mathias, que abandonou o barco quando ela tinha 5 anos.

Quando Anna se dá conta de que suas filhas não estão bem, ela toma uma decisão inesperada: levá-las em um motorhome, rumo aos países da Escandinávia, para ver a Aurora Boreal.

Uma história emocionante sobre as relações familiares, os encontros e desencontros de gerações e, acima de tudo, sobre o amor.

Minha opinião

Virginie Grimaldi me conquistou mais uma vez. Tempo de Reacender Estrelas é o segundo livro que leio da autora, e não consigo evitar o encantamento que sua escrita me provoca. Com uma narrativa envolvente e capítulos curtos, a leitura flui como uma conversa íntima, sincera e terna, daquelas que aquecem o coração nos dias mais nublados.

A estrutura do livro alterna as vozes de Anna, uma mãe exausta e sobrecarregada, e de suas duas filhas, Chloé e Lily. Esse recurso nos permite mergulhar nas nuances de cada personagem, enxergar os conflitos sob diferentes prismas e nos aproximar emocionalmente dessa família tão imperfeita quanto real. A autora aborda temas delicados – bullying, violência doméstica, luto, solidão na velhice, crise na adolescência, tensões entre mães e filhas – mas sempre com uma sensibilidade tocante, que jamais pesa ou desanima. Pelo contrário: é uma leitura que emociona, provoca reflexões e, ao mesmo tempo, acolhe.

O que mais me tocou foi a profundidade emocional escondida em gestos cotidianos. Cada personagem carrega suas feridas e aprendizados, e o processo de cura se dá no encontro, no perdão, no resgate dos sonhos e na coragem de recomeçar. Há camadas e mais camadas emocionais que nos fazem pensar sobre as escolhas que fazemos ao longo da vida, sobre o quanto tentamos proteger quem amamos e o quanto, muitas vezes, nos perdemos no caminho.

A jornada pelas estradas da Europa do Norte – Alemanha, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega – é um espetáculo à parte. O motorhome é mais que um cenário: é metáfora do movimento interno de cada uma das protagonistas. A cada parada, a cada relato turístico repleto de curiosidades culturais, sentimos o frio no rosto e a magia do desconhecido, como se também estivéssemos a bordo. Não foi à toa que terminei o livro com uma vontade súbita de fazer as malas e sair por aí em busca da aurora boreal.

Grimaldi escreve com doçura e verdade. Em Tempo de Reacender Estrelas, ela nos mostra que, mesmo quando tudo parece escuro, há sempre uma luz que pode reacender dentro de nós ... e, às vezes, ela brilha no olhar de quem viaja ao nosso lado.