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[Dica leitura] Memórias do Subsolo

Memórias do subsolo | Fiódor Dostoiévski

Ano: 2021 / Páginas: 184

Editora: Penguin-Companhia


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Sinopse

Lançado originalmente em 1864, enquanto Dostoiévski morava em Moscou e sua esposa estava nas últimas semanas de vida, Memórias do subsolo é considerado por muitos o ponto inicial da segunda fase do autor – na qual publicaria suas mais aclamadas obras.


Alienado da sociedade e paralisado pelo peso da própria insignificância, o narrador deste livro conta a história de sua conturbada vida. Com fina ironia, ele relata sua recusa em se tornar mais um trabalhador e seu gradual exílio da sociedade que o cerca.


Escrita em poucas semanas, esta novela arrebatadora explora, com a maestria única de Dostoiévski, as profundezas do desespero humano.


Resenha

Ler Memórias do Subsolo é como mergulhar na mente de um personagem que se debate entre o desprezo pelo mundo e a autodepreciação. O protagonista – um funcionário aposentado, isolado e ressentido – nos conduz por suas reflexões ácidas sobre a sociedade e sobre si mesmo, em um tom que oscila entre o filosófico e o perturbador.


A narrativa é dividida em duas partes: a primeira, mais reflexiva, onde ele se apresenta como um homem consciente de sua própria miséria e, paradoxalmente, orgulhoso dela. Aqui, ele destrói qualquer ilusão sobre a racionalidade humana, sugerindo que as pessoas não buscam apenas o próprio bem, mas também o caos e a autossabotagem. Já na segunda parte, ele compartilha episódios de sua vida, nos quais sua amargura se traduz em ações mesquinhas e humilhantes, tanto para ele quanto para os outros.


A experiência de leitura pode ser incômoda, pois Dostoiévski não nos oferece um personagem redentor, mas alguém rabugento, passivo-agressivo e profundamente infeliz. A depressão e o autoescárnio permeiam cada página, tornando a obra densa e, às vezes, sufocante. Ainda assim, é fascinante perceber como o autor antecipa discussões modernas sobre a psique humana, o livre-arbítrio e a irracionalidade.


Não é um livro fácil nem agradável no sentido convencional, mas é uma leitura essencial para quem gosta de explorar as profundezas mais sombrias da mente humana. Mesmo com toda a amargura e pessimismo, Memórias do Subsolo é uma obra que instiga e desafia, deixando no leitor aquela inquietação típica dos grandes clássicos.


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